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Mostrando postagens de 2006

"O tempo é um senhor tão bonito"

Parece que a vida vai se compartimentando no tempo... reconheço o tempo das coisas... Depois olho para elas no tempo elas vão sendo resignificadas a cada olhar que parte das multidimensões temporais... Isto se parece com o rio que nunca é o mesmo rio, mas que sempre é chamado de jamacá... Liebe

Nesta manhã

Os cílios me repetem a ilusão de olhar e ver, tanto que quis e acho que até fiz, noutros tempos, uma meia música pra você. Se existe verdade, eu não soube usar a luz sem lentes que essa verdade visse. Foquei uma cor imaginada que meu daltonismo deslumbrou tantas vezes, na curva de uma mesma estrada. Nesta sinto dor, dor de querer fechar os olhos pra essa visão medonha de não ver. Quero beber da cegueira exata de esquecer... Pasmem... Dia passa... E lá estou eu, pronta, repetindo a ilusão de olhar... Acreditando ver sem ter nunca visto. Liebe

As estrelas

Piscam muitas estrelas nos céus das minhas lembranças, Gastam-se as noites piscantes de minhas estrelas mais que distantes. Anos luzes dos proclamados eus te amos ditos por não ditos, benditos e desditos. Parece-me que as estrelas deram pra piscar agalopadas, Sinto-as a galope n’alma, alcançando-me. Ou será que quem as quer alcançar sou eu!? Quem sabe nos alcancemos um dia... As estrelas e eu...rentes! Liebe

Reflexo

Espelho n'água... haja nele cores furtas...muitas... refletindo luz. não é espelho d'água... foi desdobrando, escorregando...até sumir. Levando lá pro fundo agouros de quem parte pra não voltar. Minhas mãos não alcançam, mas chego a vê-lo, ali refletindo, no fundo d'agua... refletindo tão só... tantas cores... Liebe

Marina

Mariana

Duo fora de si

Duo fora de si

Chacororé

Um sol de clave dourada ecoa no chão do dia que é mais um arrebol na ordem dos sonhos na latência do amor no marulho das cordas de uma viola... ou na voz cantada de uma mulher apaixonada! Quem sabe ainda na folha de um buriti verde que guarda o olho de água nascente que agora olho, amanhã boca, nariz, abraços e pernas... Que só deixam de correr quando alcançam chacororé. É, chacororé Lá encontrou a profundidade De uma lagoa mansa Sem demais procuras... O olho brilha... O buriti balança... A água chega... E a vida alcança... A sorte grande. Liebe

...

Hoje eu queria que esta saudade estivesse por ser saciada! Daqui a pouco. E nesse frenesi atenuar por instantes, o que na falta parece uma eternidade insana e que em experimentar... relampeja Liebe

Outono

Tem dias que meu corpo Se comporta com leveza... Noutros, as folhas ficam secas e caem. Corro pra passar. Hoje o dia se vestiu de azul. Liebe (foto Antonio Kehl)

Neste dia

Hoje o dia me pareceu diferente, vi nele uma luz particular... etérea. Senti a arte entrar pelos meus olhos e sair pelos meus poros, Senti vontade de te dizer palavras soltas, bonitas, de te fazer afagos, de te tornar as ruas em tapetes macios. Hoje o dia nasceu Com gosto de amplidão. Pude sentir aquele sabor largo de horizonte Minha língua ardeu de paisagens, Porque era a mim que mastigava e lambia. Mas era a sua presença que me fazia assim. Hoje Quando acordei.... Meu quarto tinha cheiro de hortelã... Senti a calma de quem tece... Fiando as horas, arrematando o tempo... Então, Num porvir infinito de dias a tecer... Neste, todos os sentidos me levam a você. Liebe

Aricá

Aricá, roxo... todo florido Algodão de flerte com azul... Virado em laranja apassarinhado neste por do sol de outubro... São as cores de minhas lembranças matogrossenses Liebe

Esse beijo

Vejo linhas que cortam o céu, emaranham-se na terra e se escondem nas estações latentes das quimeras... quem sabe chova... quem sabe floresçam as quaresmeiras antes mesmo da primavera. Num mês de maio... é, num mês de maio. Quereria pegar essa estrada, esse rio... que leva a ti... Aqui vou errando com o peito iluminado pela promessa desse beijo guardado. Liebe

Esse sol....essa lua

poroso porosa vigor força esporos esporas saiu um dia dizendo essas coisas...coisa de doido isso minha filha....inda mais que depois tem que ir lá no curral e cuidar de bicho, sabe que dia desses ele disse que ia deixar tudo solto....? que coisa né? parecia que ria quando dizia isso...talvez é esse solzão daqui.....hoje ele comeu arroz com banana da terra crua.....pode isso? ah....mas quando ele chega de tardezinha e me olha dá vontade de pegar ele no colo.....num sei acho que é esse solzão....ele diz que anda "pensando"....mas que coisa esse homem.....sempre "pensando"....que que ele pensa da vida? num é assim que vamos dar de comer pros meninos...."pensando"....já se viu? ontem tomou banho e foi pra fora....diz que ia olhar a lua....meu deus....que que tem a lua? deve ser esse solzão....lua sol lua sol sol lua...vixe, acho que vou é lavar essa roupa nesse rio que corre o tempo todo.... o sol forte a guela seca davi contempla rijo a cascata de borboletas

Eu agradeço

Agradeço as meias penduradas elas balançam no vento da varanda dando ares de um rotina que reina ensimesmada. Daqui vejo a cidade de São Paulo, os carros não a compreendem, se estribucham nas esquinas com lamentos estridentes. O relógio acusa a hora, as crianças estão chegando para alegrar a casa. hoje elas terão visto o sol nascer... eu empresto delas esse ar de quem já vai longe, de quem soube de tudo ontem. Já é hora de eu me entregar ao cangaço... com a dor das esporas no lombo. Vou indo. Liebe

Nestas horas

Tenho visto nestas horas carcomidas... todos os fantasmas assombrarem-me. São sorrisos seus que não me deixam... São suas palavras que me fogem... quando na verdade, eu só quero curar esta ferida em que meu coração fraqueja. Curar-me de mal pensar-me de olhar-me com olhos que não sanam de medir-me sem nunca alcançar essa medida certa de te amar e é tamanho o meu assombro! Onde estão seus olhos? Os olhos em que me vejo? Liebe
Caminhada na Bahia - foto do Kehl

Eu...

foto de Cecília Kawall

Nesse chão...

Foto de Antônio Kehl Eu? só corro... olhe que já rodei trecho e inda tem trecho a rodá é corro só... um desbarato nessa estrada de meu deus... nesse ermo de mundo, nessa terra que minhoca há de mexê e pronto, fica nisso. Um boi aqui oto aculá agente verve assim isperano a morte chegá e inda rezano pra chuva num tardá. Tiana? Nunca mais vortô diz que discabriô inté morre no lombo dum burro... disiludiu! sumiu!! escafedeu... Liebe Lima
Foto de Antonio Kehl

Palavras...

Nestes tempos de estio, com a esperança vesga olho e olho ainda mais dentro dos seus olhos para que veja o que não digo... Eu nunca soube dizer Mas em minha boca, dentro dela, haviam muitas juras... guardadas pela distância num grande baú de conspirações. E as palavras foram sendo fermentadas, misturadas ao tempo e depois esquecidas. E assim ficaram... ensimesmadas, sem espera. Então numa noite destas que se amoita no sol até até o último raio elas foram saindo da minha boca e da boca dos homens roçando as línguas e virando vaga-lumes numa noite enluarada... desdizendo as dores do mundo, emudecendo o silêncio esquecido na garganta, cantando sussurros quando o dia amanheceu, o céu estava limpinho....limpinho... estampado de esperança. Liebe Lima
É aqui que eu quero estar, é pra lá que eu quero ir..........foto do cumpadre Kehl......Lá na Paraíba......

Que gosto tem?

Não sei o que nos torna assim... amordaçados, mudos, constrangidos... Será o tempo que nos toma a fala? nos rouba a língua? medo de faltar o tempo dividido? pois sim... estamos mesmo partidos... tementes lambidos amargando o que a realidade esconde... Liebe

A realidade

Em um país como o Brasil, com um índice altíssimo de analfabetos da língua materna, língua esta, que usamos cotidianamente para nos comunicar. Façamos conta, então, do percentual de analfabetos musicais!? Eu pergunto, Porque a música é tão inacessível para as pessoas? Somos nós, os músicos e professores de música, que ainda a queremos manter assim, para mantermos em nós o status de portadores do divino dom? As instituições que se propõe a ensinar música, são adequadas a realidade Brasileira? Na sua opinião, qual deveria ser o foco do ensino e do aprendizado musical: Os aprendizes? A música? O domínio técnico?

O sonho

Na faculdade de música... Pensei que meu sonho se tornara pesadelo, quando em minha primeira aula de percepção, o professor entrou na sala de aula, abriu o piano, tocou uma melodia, virou-se para nós e pediu que escrevêssemos a melodia tocada. Naquele momento, senti todos os pêlos do corpo se arrepiarem, percebi que eles não me ensinariam, posto que pressupunham que eu já sabia. Eu jamais tinha lido Pozzolli e tinha que saber escrever ditados com pausas, ligaduras e ler gramanni em duas vozes.

Próximo passo ... reflexão ...a experiência...

O corpo desta experiência começou a ser gestado quando eu trouxe a música para dentro de mim e soube que além de ouvir a música de outros, meu corpo também era capaz de produzi-la e de emocionar as pessoas. Foi uma gestação prolongada, fiquei muito tempo grávida de música. Assim como numa gravidez, eu a sentia mas não via, não sabia como eram seus olhos, não conhecia suas formas e nem a ordem de sua natureza.