O dia já amanhece quando acordo, viajamos a noite inteira a caminho de Cuiabá e agora o ônibus serpenteia pela serra de São Vicente. Florestas de babaçu me fazem sentir que estou mesmo longe de casa. Aqui não existem bois pastando e em minha ruminagem meu estômago arde só de pensar no que não sei que me espera. Será que ele vai me reconhecer quando me ver? E se ele não se lembrar como será a boca do mundo que se abre pra mim agora? Me mastiga? Me engole viva? A beira da estrada aquela gente oferecendo pequi, palmito de babaçu. Me faz lembrar minha avó. Como pode gostar de algo tão amargo? Gueroba....como diz ela. A esta hora ela já deve estar acordada e nunca mais vai me ver...num volto mais lá... Começo a avistar as placas grandes com as propagandas de caminhões anunciando a chegada na cidade, to chegando... to chegando... E quando chegar? Sei que ele mora perto da igreja em cima do morro. Será que ele ainda estará lá? Antes de decidir pra onde vir, cheguei à rodoviária...