Pular para o conteúdo principal

Quase...

Nesse sertão..quem olha pro céu vê o mar ao contrário..um ermo de mundo que de tão esquecido o silêncio parece que grita...ensurdecido.


É um dia desses qualquer, afinal, lá todos os dias são iguais. Sua casa ficava entre as casas de seus quase tios, tem uma varanda grande na frente e ela estava parada lá..olhando pra rua. Pensou em visitar a casa de seus padrinhos...quase pais...tinha uns nove anos e seria uma grande aventura caminhar sozinha até lá. Então ela saiu andando como quem não ia, o coração disparava só de pensar em alguém dando por fé de sua quase fuga!


Ela continuou andando, atravessou a rua frente ao Condorsé. Sim é isso mesmo, Condorsé era o nome do senhor que tinha uma venda na esquina de sua casa, onde gastava todos os trocados em suspiros, maria mole e chicletes "PLOC" ( seus preferidos).


Passou pela SUCAM, onde havia uma poça d'água assustadora. O céu e núvens ali refletidos pareciam ser um grande abismo, de onde seria possível despencar e cair pra sempre!?


Aquela era a primeira vez que a menina saia sozinha de casa sem avisar ninguém onde iria, aquilo foi um teste aos seus limites e à sua inclinação natural para ser livre...sim ela gostava de voar...precisava voar....


Àquela altura de sua vida, apesar dos poucoa anos vividos, ela não sentia que houvessem laços fortes o suficientes, que a mantivessem ali para sempre. Sua mãe havia partido quando tinha cinco anos e do pai só se lembrava de ter se escondido embaixo da mesa da cozinha de sua avó a única vez que o vira.


Quando saiu sozinha aquele dia...ninguém a disse que não poderia ir...


Aconteceu tanta coisa, que foi perdendo a medida do tempo...embora fosse assim...em qualquer tempo havia silêncio....

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marina...você se pintou Por Maurício Abdalla

Marina,... você se pintou? Maurício Abdalla [1] “Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo. Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias? Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que contr

Fitas coloridas

Uma feira de fitas coloridas e esbanjaste suor no tambor, viajante em águas santas é procissão de nosso senhor. Poeta de palavras vazias esquecido de quem sou tens na palma da mão uma flor que o tempo murchou. O samba que fizeste nínguem mais canta o chapéu que usaste o vento carregou em volta da fogueira que a estrada apagou. Liebe Lima